A pesquisa dos Potenciais Evocados Auditivos de Tronco Encefálico é sem dúvida o procedimento mais procurado para o diagnóstico da deficiência auditiva, fornecendo com precisão o tipo e o grau da perda auditiva. Serve de base para todo processo de seleção e adaptação de próteses auditivas em indivíduos que não conseguem responder para audiometria, como é o caso de crianças pequenas, por exemplo.
O BERA, outro nome dado ao procedimento, pode sofrer alterações com presença de interferência da rede elétrica. A interferência pode comprometer a execução do procedimento e muitas vezes a confiabilidade do resultado.
O equipamento da PATH MEDICAL, além de ser portátil, não precisa estar conectado à rede elétrica para a execução do exame, reduzindo o risco de interferências desta natureza. A seguir uma explicação resumida deste importante procedimento.
Potenciais Evocados Auditivos de Tronco Encefálico são registros da atividade elétrica que ocorre no sistema auditivo, da orelha interna até o córtex cerebral, em resposta a um estímulo auditivo. Trata-se da representação de descargas sincrônicas de neurônios do sistema auditivo periférico e central. A atividade cerebral evocada é detectada por eletrodos de superfície que registram as respostas elétricas, aparecendo como traçado um conjunto de sete ondas, cujos picos são marcados em algarismos romanos de I a VII e correspondem a etapas sucessivas e/ou sinapses das vias auditivas.
Segundo Moller (1994) os sítios geradores dos potenciais são:
Durante a análise do exame geralmente são marcadas as ondas I, III e V, que são úteis para avaliar a integridade neural. Dentre estas ondas, a onda V é a que tem a amplitude mais robusta e é considerada a melhor onda para a avaliação da sensibilidade auditiva, permanecendo visível até o limiar.
Potencias Evocados Auditivos de Tronco Cerebral é realizado com o paciente em repouso, normalmente deitado. Em crianças muitas vezes é necessária a sedação para garantir o repouso. Recomenda-se uma sala com tratamento acústico e principalmente elétrico, uma vez que os potenciais estão sujeitos a interferências elétricas. São colocados eletrodos de superfície nas fronte alta e nas mastoides ou lóbulos das orelhas.
Para a interpretação clínica dos potencias são avaliadas as latências absolutas do aparecimento das ondas I, III e V e as latências inter picos I-III, III-V e I-V. A latência refere-se ao intervalo de tempo decorrido entre a apresentação do estímulo e o aparecimento das ondas e é expressa em milissegundos. Os valores de latência variam de acordo com a maturação das vias auditivas, sendo que as latências encurtam com o aumento da idade. A intensidade do sinal também tem efeitos significativos na latência do potencial, sendo inversamente proporcional, ou seja, quanto maior a intensidade do sinal menor a latência.
Também avalia-se as amplitudes das ondas. A amplitude tende a ser menor com a diminuição da intensidade do estímulo. Próximo ao limiar normalmente só é possível avaliar a latência e a amplitude da onda V.
Vários tipos de estímulo são utilizados para evocar as respostas do PEATE, sendo os mais utilizados o click e os estímulos por frequência específica, como o toneburst ou tonechirp. A duração do estímulo afeta a sincronia neural e a especificidade de frequência da resposta. Estímulos abruptos e de curta duração, como o click, promovem melhor sincronia neural.
O click por ser de rápido começo e de curta duração (100useg) produz disparos sincrônicos dos numerosos neurônios auditivos, possui espectro amplo, e o seu pico de energia máxima permite melhor relação para os limiares de tom puro entre 2000Hz e 4000Hz. Este estímulo tem sido frequentemente empregado pois permite o disparo sincrônico de muitos neurônios na condução do estímulo a partir do nervo coclear. Possui morfologia de ondas, com latências e amplitudes que podem ser facilmente registradas desde o nascimento, mesmo em recém-nascidos prematuros. Este estímulo é ideal para avaliar a sincronia neural e saúde da via auditiva, porém não possui especificidade de frequência e não é suficiente para configurar a perda auditiva, pois não fornece informações de frequências baixas.
O ToneBurst é um outro tipo de estímulo que pode ser utilizado e é apresentado por uma onda sinusoidal com duração breve que possibilita avaliar frequências específicas, possuindo um espectro de frequência com energia centrada na frequência de estimulação. O uso deste estímulo colabora para o diagnóstico de perdas maiores em frequências agudas fornecendo o perfil auditivo e é fundamental para fornecer dados para a programação de aparelhos auditivos em crianças pequenas.
O ToneChirp é um estímulo de banda larga que foi construído de maneira a tentar compensar o atraso temporal provocado pela viagem da onda sonora ao longo da membrana basilar por meio da promoção do atraso das frequências altas em relação as frequências baixas do estímulo, produzindo assim, uma estimulação simultânea. A estimulação simultânea leva a uma melhora da sincronia neural e consequentemente um aumento da onda V quando comparado ao clique, principalmente em fracas intensidades. Os resultados positivos com o chirp de banda larga levaram a comunidade científica a desenvolver o chirp de frequência específica (narrowbandchirp CE-chirps). Estudos tem demonstrado que a amplitude da onda V para o estímulo chirp frequência específica é maior do que para o estimulo toneburst. Chirps de frequência baixa levam a uma maior sincronização da descarga neural o que é refletido na maior amplitude, principalmente em intensidades mais fracas, facilitando a interpretação.
Os estímulos podem ser apresentados por via aérea através de fones de inserção ou supra-aurais, ou por via óssea através de vibrador ósseo. A combinação das duas vias de apresentação auxiliam na interpretação do tipo de perda auditiva. Ou seja, se trata-se de uma perda neuros sensorial ou se existe algum fator que dificulte a condução do estímulo nervoso.
Na avaliação da sensibilidade auditiva:
Para que o exame consiga caracterizar o tipo da perda auditiva apresentada sugere-se a realização do exame por via aérea e por via óssea e para garantir a determinação do perfil auditivo, ou seja, visualizar a configuração da perda, sugere-se realizar a pesquisa utilizando um estímulo por frequência específica.
Na avaliação da via auditiva:
Nestes casos de avaliação da integridade neural recomenda-se a pesquisa através do estímulo click com apresentação por via aérea. Deve-se considerar a latência obtida de acordo com a idade do paciente. Caso o paciente apresente perda auditiva com limiar elevado, esta pode dificultar a análise das ondas por falta de intensidade adequada do estímulo.
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